Friday, March 30, 2007

Ilegalizar ou não ilegalizar ? parte II


Colocado o problema referido no post anterior, surge a questão: Ilegalizar ou não ilegalizar ?

Sou dos que acham que nunca houve suficiente determinação na eliminação do fascismo em Portugal, acho que a geração que fez o 25 de Abril, por razões várias e algumas compreensíveis, foi timorata no julgamento e punição dos fascistas. Mais tarde, assistiu-se até, durante o mandato de Cavaco Silva como primeiro-ministro, ao facto chocante de serem atribuídas pensões a ex-pides e não ser atribuída pensão de viuvez à viúva de Salgueiro Maia, facto falado na altura no parlamento pelo então líder da oposição António Guterres, lembram-se?

O tempo passou, e ninguém até hoje olhou com suficiente determinação estas questões, desde o nível do ensino em Portugal ao mais alto nível político e social .

Neste momento, penso que a sociedade em geral, os partidos políticos com acento parlamentar e o governo têm duas coisas a fazer:

Observar o PNR e fiscalizá-lo a sério (propaganda ,acções e financiamento) , tirando todas as consequências necessárias, mesmo que daí resulte a sua extinção, basta que tal esteja de acordo com as leis, não há que ter medo da aplicação das leis que houver a aplicar. É preferível ouvir algumas críticas daqueles que acharão tal medida anti-democrática, críticas essas que não durarão mais que duas semanas, do que deixar um vírus crescer.

Segundo: É óbvio que o combate à extrema-direita não se faz apenas no plano formal, jurídico, com a "polícia" como referiu hoje JMF no editorial do Público. O combate faz se no plano das ideias, dos valores, é preciso provar que ser democrático e pluralista é melhor para todos. Tudo bem, não será dificil fazê-lo, mas exige trabalho e consciência de que tal é necessário, coisa que até aqui não era nítida para muitos. Espero que este episódio do programa da eleição de Salazar e do cartaz xenófobo do PNR seja alerta suficiente.

Por isso proponho uma coisa simples: Partidos e governo, olhem para outros países europeus, vejam o que eles fazem para alcançar uma sociedade mais plural e democrática, vão às medidas simples: No reino unido, por exemplo, todas as creches, escolas e amas têm de ter peluches de várias etnias. Os programas escolares não descuidam os períodos históricos negros dos seus países, em Portugal há sempre uma parte que não se chega a dar porque "não houve tempo"... Noutros países são criados centros museológicos e de estudos sobre a resistência ao fascismo e o anti-semitismo, como a célebre casa de Anne Frank em amsterdão, ícon da cidade e sucesso de bilheteira, em Portugal constrói-se um condomínio de luxo onde antes era a sede da PIDE...Está tudo feito, é só querer...

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