Friday, June 06, 2008

Amigos Intermitentes


Tenho a A. que vem do outro lado do atlântico duas vezes por ano.
O D. que aparece caido do Japão a querer sair à noite quando eu tenho de trabalhar no dia a s seguir.
O J. que vem de todos os lados se nunca ninguém saber nem como nem porquê e que pensa que todos temos dias inteiros, como ele, para pasaear pelos vales e montanhas de Portugal , não importa o dia da semana.
A m. que nunca mais veio.
A A. que partiu com uma perna à frente e outras atrás mas não tem nem tempo nem dinheiro para vir.
O G. o mais recente "desaparecido", ainda assustado com a volta que a vida lhe deu.
A S. que foi por 3 anos para a China, já passaram quatro, e foi preciso o Google que a reencontrar, vem agora, finalmente, em Junho.
Enfim, são pessoas, curiosamente das mais importantes para mim, mas que têm uma presença intermitente de há uns anos para cá, com quem eu vivi partes consideradas "fundamentais" da minha vida, do meu desenvolvimento, e no entanto, deixaram de preencher o meu dia-a-dia, quando eram umas das pessoas que mais me conheciam , e com quem fazia mais sentido a partilha desse dia-a-dia.
Hoje são amigos, mas são amigos intermitentes, e eu tenho de saber fazer a minha vida, não sem eles, mas contando com a sua intermitência. Posso dizer que é um exercício desconfortável, como tomar banho de água intermitentemente quente, não mata mas é "esquisito".
São, provavelmente, contingêcias deste dito "novo" mundo global, como diz o Guterres: "o século das pessoas em movimento". Quem sabe isto é apenas um problema de perspectiva "Newtoniana" e, quando eu estiver também em movimento ciclado, deixarei de ter a percepção do movimento dos outros.

2 comments:

ana rita said...

foi de ti que tive tantas saudades.

http://cambridge-ma.blogspot.com/2008/06/pouco-pouqussimos.html

Anonymous said...

revejo-me a 100 % no que aqui é descrito. Bom texto, rack!