Monday, January 11, 2010

O país do Não

Nos últimos anos tem havido em Portugal uma luta política em torno de questões não materialistas, ou se quisermos pós-materialistas, como o conjunto de direitos das chamadas minorias sexuais, igualdade de género, direito à IVG, liberdade religiosa, concordata, representatividade da igreja nas cerimónias de estado, e também uma discussão em torno da eutanásia e da procriação medicamente assistida.
Em todas estas questões o país está dividido, embora com vitórias de um dos lados, entre os que defendem a implementação de mudanças, e os que querem manter o status quo ou mesmo mudar no sentido de maior restrição de direitos e liberdades.
O que é desolador é que persiste me Portugal um sector social que se move por um ideal em que seriamos todos homogéneos, católicos, brancos, heterossexuais, recorrendo à saúde privada, andando em colégios privados, com missa ao domingo e baptizados a condizer.
Esse sector não mudou nada desde o salazarismo, continua surdo, cego e vai, passo a passo cavando a sua derrota, porque a única coisa que pretende é obrigar todos a viver segundo as suas regras, tem horror à diferença, teme a liberdade, e parece não compreender o mundo lá fora.
É um Portugal que andava de jipe com os fundos europeus, que faliu mas mantém-se agarrado à banca privada, e tem da economia a visão dos baixos salários, constituem uma incompetente burguesia rendista, pois nas empresas que lideram continuam a ter uma visão mesquinha, invejosa e de curtos horizontes que tem levado a economia Portuguesa a sucessivos descalabros, só contidos pela nossa existência numa espaço político Europeu.
Teve no aborto uma grande derrota, histórica, e continua sem a entender. A eles não lhes basta terem todos os direitos, querem que os outros usem a mesma marca de sapatos. A tudo dizem não: não à IVG, não aos casamentos EPMS, não à adopção, não à PMA, e também, não à laicidade, não à liberdade religiosa, não à eutanásia, não à liberalização das drogas leves, enfim, não não não … Nem mesmo os seus congéneres europeus e arianos são tão incapazes de mudar !
Juntos, constroem o que eu vejo como o país do não, que tem tido o poder quase desde sempre, aqui a ali com os seus intervalos históricos, mas que pela primeira vez em Portugal está a ser paulatinamente derrocado, peça a peça, membro a membro, o que não admira, pois é a primeira vez que Portugal tem democracia consecutivamente durante tanto tempo.
Sinto-me honrado e feliz por poder viver em tais tempos.
Parabéns pelo casamento ,
Viva Portugal, Viva a República !!!