Casamento Homossexual, Sócrates e Óscares

A imagem da discórdia

Gustave Courbet pintou este quadro e chamou-lhe " A origem do Mundo".
Em Braga, (será que podia ser noutro sítio ? ) a PSP,entendendo que a imagem (na capa de um livro de pintura à venda numa feira de livros usados) estava a gerar controvérsia, resolveu apreender todos os exemplares, tratando o assunto como se de pornografia se tratasse.
A apreensão de livros é uma acto agressivo, e conotado com práticas antidemocráticas, para o fazer deviam se invocadas razões fortes, por exemplo para proteger direitos de autor.
Não foi o que aconteceu.
Assim sendo, em que medida estava a segurança pública ameaçada ? Porque havia um burburinho em torno do assunto ? Mas qual o problema que poderia decorrer da exibição desta imagem ?
Parece que definitivamente Portugal é um país seguro, onde a Polícia tem tão pouco que fazer que se dedica a apreciar livros de pintura, e a arregimentá-los só para si.
Finalmente, a questão da pornografia: A PSP disse tratar-se de uma imagem de pornografia. Mas que eu saiba não é proibido vender pornografia, bastava aplicar as regras de venda de tais publicações, ou também já não há o direito à pornografia ?
Courbet deve estar feliz por tantos anos após a sua morte ser ainda tão admirado...E Braga ainda é o que era...

Prioridades

Pois bem, parece que a questão do casamento não era um prioridade, segundo palavras de Soares, contradizendo o seu discurso de candidatura às presidenciais em 2006,mas também segundo a opinião de vários comentadores.
Fica uma dúvida, como é que uma questão tão lateral, acessória mesmo, pode ser a que mais comentários suscita no jornal português mais visitado na net ?
Porque será que, afinal, esta questão suscita tanta atenção da opinião pública ?

"Ou a igualdade ou nada"

Foi com esta frase, e muito bem, que Miguel Vale de Almeida terminou o debate do "Prós e Contras", hoje na RTP 1.
Foi um debate que, para além de se confrontarem os argumentos já conhecidos sobre a questão, (sempre reproduzidos numa sequência quase igual de debate para debate, sinal de que se calhar já não há muito mais a debater, está sim na altura de legislar), teve contornos muito pitorescos.
Era divertido ver o ar bovino com que Vaz Pat(t)o olhava os outros oradores, era motivante a energia da vibrante jurista Isabel Moreira, era muito divertido ver o ar sagaz e bem humorado do professor Carlos Pamplona , lá estava o sempre ansioso por falar Daniel Oliveira, lá mais atrás na plateia as sofredoras Sara e Rita "Cacao". Na ala mais à direita, com ar rufia e de mau pagador, uma espécie de direita com tendências YSL, o Nogueira Pinto júnior, esteve também com ar doentio, o obcessivo e politicamente incorrecto presidente da associação da famílias, e ainda, o professor de Évora, a representar os oprimidíssimos gays católicos, com ar de Jesus Cristo, que quando o filmavam sem estar a falar atirava a cabeça para trás, não se percebia se em desespero com a vida, com o debate, ou se era uma mera dor de costas.
O padre Vaz Pinto honestamente já não sabia o que dizer, como afirmou explicitamente, sinal de que o debate estava ganho pelos defensores do casamento civil dos homossexuais, para a qual também contribuiu a omnipresente em tudo que é debate "fracturante", Fernanda Câncio.
Parabéns ao Prós e Contras, e parabéns à Fátima Campos Ferreira, "Fatinha" pósamigos.

arte, dinheiro e o sentido das coisas

«“Nada é mais belo do que um corpo nu. A roupa mais bela que pode vestir uma mulher são os braços do homem que ela ama. Mas, para aquelas que não tiveram a sorte de encontrar esta felicidade, eu estou lá.”»
	(Yves St. Laurent)

Este mês vai a leilão uma das maiores colecções do mundo, a que foi realizada por Yves Saint Laurent e o seu companheiro Pierre Bergé.
Primeiro os números: Entre os valores máximos e mínimos dá seguramente 200 000 000 €, mais de 40 milhões de contos . Este dinheiro ficará para a fundação, com o nome deles, a qual se dedicará ao apoio à investigação na área da SIDA.
No site da Christies pode conhecer-se a colecção, oportunidade rara para aprofundar os conhecimentos sobre arte, e ver os objectos que rodeavam a vida daqueles dois estilistas, mas também pensar um pouco sobre o sentido do dinheiro.
Estão ali milhões de euros, que foram ganhos na moda, e vão agora ser vendidos resultando numa soma que dará mais recursos para a investigação de uma doença, fazendo com que uma boa parte da vida profissional daqueles dois, tenha afinal sido entregue não à moda, sempre algo fútil, mas à transformação do trabalho em objectos de arte, que depois se transformarão em novos conhecimentos, sem contudo fazer com que esses objectos desapareçam, pois outros os comprarão, para anos mais tarde o seu valor ser convertido em algo mais do que dinheiro.
No meio de tudo isto, o dinheiro é apenas um elo da cadeia, sem nunca ser o fim.
Será o elo mais fraco ? Ou o fio que permite dar sentido ao tempo e à vida das pessoas que o conquistaram, para entregarem essa sua vida vivida a algo ainda mais intemporal ?

Lisboa . Boa Hora II

Estive ontem na sessão sobre o futuro do tribunal da Boa Hora, felizmente com sala cheia, incluindo meios de comunicação social.
Lá estava o presidente do tribunal, a jornalista Diana Andringa, a procuradora Maria João Lobo, advogados, Paulo Rangel como presidente da Associação de juizes pela cidadania, e o eterno Mário Soares.
Houve participações, umas mais emotivas, outras mais viradas para o futuro, mas sempre com grande participação .
Eu, embora sem planear, acabei por falar: Sobre a teia de interesses, sobre o triângulo de ferro das constructoras - autarquias- governo, sobre os esvaziamento da democracia etc tive total apoio da sala inteira.
Pelo apoio que tive, penso que há de facto uma enorme insatisfação com a forma como é exercido o poder em Portugal, sentia-se um mal estar com esta forma de governação que atira lama sobre o cidadãos e faz os negócios mais inacreditáveis nas costas de todos, esquecendo que toda a gente percebe o que se faz. Não sei porque a maior parte dos políticos continua a achar que não, julgando que conseguem fazer todas as maningâncias sem ninguém dar por isso.
Até quando vamos todos fingir que isto é uma democracia ?

FEREIRA LEITE: O SALAZAR DE SAIAS!

Louçã, Louçã, e mais Louçã ( o Francisco, porque também existem outros, mas parece que ninguém dá por isso )

Como se pode ver nos vídeos do Esquerda.net , parece que nesta convenção só falaram militantes anónimos, e o Grande Líder.
Portas não falou ? Rosas não falou ? Fazenda não falou ?
A direcção colegial, mesmo que simbolicamente, caiu definitivamente, sem decoro nem vergonha.
O BE é neste momento partido de 1 só homem.
Louçã é um homem de poder, com um ego difícil de sacear, que estuda e trabalha para nunca ser apanhado em falso e com talento para contornar o debate e até mesmo as perguntas mais difíceis dos jornalistas.
Só que Louçã, como muito bem verificou o jornal Público, apesar das inúmeras coisas certas que diz, e nas quais tem razão por vezes, não parece uma pessoa normal, não sentimos nele nem uma dor de costas, nem uma ponta de sono, nada. É o homem ex-máquina. Não passa sentimentos, não passa empatia, não comunica directamente com "as pessoas", o eleitorado. Parece sempre frio e controlado.
Na realidade , Louçã é um homem que tem medo de não poder controlar, de não estar na frente, de nãoser o número 1.
O BE, apesar das boas estratégias comunicacionais seguidas, falhou quando optou por uma política de pessoalizar a comunicação do partido, entronizou Louçã e agora é refém dele e da sua imagem, por isso não vai crescer.
Quem conhece Louçã sabe que ele seria ainda mais irritadiço, ainda mais agressivo, e ainda mais controleiro que Sócrates como primeiro ministro. Louçã não perdoa aos infiéis, como se vê pela questão Joana Amaral Dias, disfarçada com hipocrisia desde o início até finalmente saltar o verniz, 3 anos depois.
O lado evangélico do passado de Louçã está presente, e isso é notório na forma e nas palavras do discurso, um verdadeiro Bispo da esquerda como já lhe chamaram.

O beto e a política

Neste post, o 31 da armada, fala de uma questão fundamental, que envolve a liberdade de espírito, e já agora, a liberdade de vestir, nos movimentos políticos. A ortodoxia, o seguidismo, mesmo o estilístico, a identificação bacoca com rituais, marcam a aceitação de um membro de um grupo pelos outros mesmo que esse grupo apregoe os valores da liberdade e da pluralidade.
É infelizmente o que acontece também no BE, onde um "beto", naturalmente, tem dificuldade em se afirmar, mesmo que o seja só na forma e não na atitude intelectual e política com os outros, daí que o comentário à forma de vestir do Francisco Furtado pelo 31 da armada seja oportuno e levante uma questão nada dispiciênda na política, e na política de esquerda em particular.
Os que usam polo, ou coisas quejandas, acabam sempre por não disfrutar da mesma "tolerância" com que aceitam o mais mal cheiroso dos "camaradas".

A missa - VI Convenção BE.

Eu disse que o grande líder ia falar de Cristo, e não me enganei...Mais uma vez veio à baila a palavra de F. Pessoa quando ele diz que Cristo não sabia nada de finanças...
Eu não disse que aquilo era uma missa ?

Esquerda.net | Intervenção Francisco Louçã na abertura da Convenção (II parte)

O Sr Bispo Francisco Louçã rezou hoje missa na paróquia do Areeiro-Belavista, pelas 11h.
Celebrará nova homilia amanhã à tarde, na presença dos fiéis, na mesma Sede do Senhor, aquando do fim das cerimónias .
Paz ao senhor, o senhor esteja convosco, ele está no meio de nós. Amen.

Chips nos automóveis

O Governo prepara-se para obrigar todos os donos de viaturas motorizadas a colocar um chip para identificação e pagamento de portagens.
Em primeiro lugar, é preciso ver que problema pretende o chip resolver: dizem-nos que é preciso tornar fácil a fiscalização dos automóveis, com um chip pode-se ver imediatamente a situação daquele veículo. Ora bem, nada mais rápido do que olhar para o vidro dianteiro onde está colado tudo o que o carro tem de pagar para fazer a verificação, portanto não vejo que problema vem o chip resolver...
Em segundo lugar, vem p pagamento de portagens. Não vejo porque é que havemos de ser todos obrigados a pagar via electrónica, devemos poder fazê-lo em "cash", e além do mais não está garantido como se vai assegurar o pagamento por parte das viaturas estrangeiras...
Em terceiro lugar, e não menos importante, quero dizer que não me sinto seguro quanto à divulgação da informação de que o chip vai dispor, não sei quem a vai controlar nem para onde vai.
Em quarto lugar, penso que é um gasto inútil e até estranho de dinheiro: pois o preço dos chips vai ser de 10€. Como há 5000000 de automóveis: 10 X 5000000 de automóveis = 50 000 000 de euros gastos em chips !!! Dado que não me parece que vá ser a Quimonda a fazê-los, acho que é dinheiro perdido para a economia lusa, e será ganho por alguém certamente sortudo mas inútil neste momento de "crise".

Lisboa século XXI. (I) - O Roubo Organizado

O roubo, em Portugal, é livre, e tanto maior quanto mais próximo do poder.
Neste momento estão em curso diversas alterações na cidade de Lisboa, organizadas pelas mais diversas entidades, públicas e privadas.
Quero falar-vos de uma delas: A saída do tribunal da Boa Hora.
É o edifício em Portugal há mais tempo dedicado à justiça: Há 165 anos que serve de tribunal.
A TSF tem uma reportagem excelente, que pode e deve ser ouvida aqui.
Este tribunal assistiu ao julgamento de muitos casos históricos, e à condenação de muitos opositores ao regime.
Vai ser vendido por pelo menos 35 milhões de euros. Não se sabe quem é o comprador, mas eu acredito que já esteja escolhido, visto que se diz que o uso a dar vai ser para um "hotel de charme", se se sabe para que vai ser usado já se deve saber quem o vai fazer...
Aqueles serviços, a Justiça neste caso, (visto que ainda não conseguiram dissolver definitivamente o Estado) , vão usar um outro edifício no parque das nações.
Sabem quanto vão pagar de renda pelo novo edifício ?
Adivinhem...1 milhão de euros.
Ou seja, a venda da Boa Hora vai servir para pagar 35 meses de renda...2 anos e 11 meses...
Será certamente um excelente negócio, para os futuros donos do "hotel de charme" e para o senhorio do edifício do parque das nações, para o ministério da justiça, para o estado Português, e para todos nós, é que não !
Existe uma petição, mais uma porque o poder em Portugal é surdo, aqui.

Alguém vai pedir o dinheiro ao ex-ministro da Defesa Paulo Portas ?

Caso remonta a 2004

Tribunal europeu dos direitos do homem condena Portugal por atentado à liberdade de expressão

O Tribunal europeu dos direitos do homem condenou hoje Portugal por ter proibido, em 2004, a entrada nas suas águas territoriais de um barco fretado por organizações favoráveis à despenalização do aborto.

Em Agosto de 2004, três associações, entre elas a fundação holandesa Women On Waves, fretaram o navio "Borndiep" e prepararam-se para entrar no porto da Figueira da Foz. Pretendiam organizar a bordo reuniões, seminários e ateliers a favor da despenalização da interrupção voluntária da gravidez.

A 27 de Agosto de 2004, quando o "Borndiep" se aproximava das costas portuguesas, o Governo de Lisboa interditou a sua entrada em águas territoriais. Um navio de guerra português posicionou-se perto do navio para o impedir de avançar.

Queixando-se de violação dos direitos à liberdade de expressão, de reunião e de manifestação, as três associações apresentaram o caso junto do tribunal administrativo e do Supremo Tribunal administrativo português, que rejeitaram o seu pedido.

O aborto, que até então era punido com uma pena que podia ir até aos três anos de prisão, foi legalizado em 2007.

Os juízes do Tribunal europeu consideraram que as medidas tomadas contra o "Borndiep" foram desproporcionadas e que houve violação do artigo 10 da Convenção dos Direitos do Homem (liberdade de expressão).

As três associações reclamam indemnizações de 49.528 euros, pelas despesas com a viagem do "Borndiep", e cinco mil euros por cada uma por danos morais. Mas o tribunal europeu fixou as indemnizações em dois mil euros para cada um dos requerentes, por danos morais.

Lucchesi's death (from The Godfather 3)

uma das minha cenas preferidas de todo o cinema que conheci. Já agora, a frase do Luchesi é atribuída a uma figura real, da política Italiana, um dos maiores mafiosos, o Andreotti, por acaso amigo de Soares... e já agora, não acham este Luchesi muito parecido com o Marcelo Caetano ?

Monty Python - Bavarian restaurant